“Esse lixo jogado assim mostra um verdadeiro descaso com a população. Não tem nem o que falar de um absurdo desse porque é um risco que todos nós estamos correndo de pegar uma doença infecciosa”
Raquel Alves Viana, 20 anos, estudante
Raquel Alves Viana, 20 anos, estudante
Um amontoado de seringas e cateteres com sangue, fraldas, papel higiênico usado e luvas cirúrgicas transbordam de dois contêineres de lixo na 910 Sul. Quem passa por ali se assusta com a quantidade de resíduos hospitalares em sacolas plásticas e caixas de papelão, espalhados pela calçada. O lixo está abandonado há cerca de um mês e é oriundo de pelo menos três blocos do Condomínio Mix Park Sul, onde funcionam clínicas especializadas em hemodiálise, ginecologia, odontologia e ortopedia. Os resíduos representam um risco para os visitantes, que podem contrair doenças como hepatite B, C e Aids.
Com os latões lotados, muita gente acaba misturando lixo comum ao material biológico e o mau cheiro já começa a incomodar. Ao lado do condomínio funciona uma escola de ensino fundamental. Em meio à sujeira, a reportagem do Correio encontrou uma caixa de seringas aberta. “Os estudantes podem querer pegar essas seringas para brincar. Mendigos e drogados também vivem revirando o lixo. É um perigo muito grande”, destacou o sanitarista e consultor ambiental Edison Martins. Morador de um bloco próximo, ele diz que até agora nenhuma providência foi tomada para resolver o problema.
Até o ano passado, o recolhimento do lixo particular era feito pelo Serviço de Limpeza Urbana do DF (SLU), mas as regras mudaram após a publicação da Lei n° 4.352/09 no Diário Oficial do DF . Desde 30 de junho de 2009, esses resíduos passaram a ser de responsabilidade dos geradores, ou seja, eles têm que contratar uma empresa autorizada para incineração do lixo.
De acordo com o síndico do bloco A, Eliés de Paula Soares, o problema é que nem todas as clínicas produzem material em grande quantidade e o contrato sairia muito oneroso para quem gera pequenos volumes de lixo. “São várias as clínicas que despejam o material nos contêineres, mas nenhuma quer assumir o contrato. O meu bloco não produz um terço do lixo produzido pelos demais. É muito pouco”, justificou ele. Eliés pretende marcar uma reunião ainda hoje com os demais síndicos para resolver de forma definitiva como vai ser feito o recolhimento dos resíduos. “Vamos estudar as soluções possíveis para não ficarmos apenas nas medidas paliativas”, destacou.
No DF, apenas quatro empresas fazem o recolhimento de material hospitalar: Indcom Ambiental, Quebec, Belfort, Serquip Serviços, Construções e Equipamentos Ltda. As duas primeiras têm sede em Anapólis e na Cidade Ocidental (GO), respectivamente. A fiscalização promete agir com rigor e tomar providências para punir as clínicas pelo acúmulo de material infeccioso. Por lei, não é permitido manter resíduos dessa natureza por prazo superior a 48 horas, exceto quando estiverem acondicionados em recipientes apropriados e, nesse caso, o prazo máximo é de uma semana. O superintendente da operação do SLU, Divino Santana, pretende agir em conjunto com a Agência de Fiscalização para constatar a irregularidade. “Eles têm que fazer o contrato com as empresas particulares. Caso contrário, a multa mínima é de R$ 3 mil, mas pode chegar a R$ 70 mil”, alertou.
Segundo o síndico do bloco D, Marcelo Santos, no prédio funcionam clínicas de hemodiálise e de odontologia, porém, cada uma preferiu pagar uma empresa particular para coleta do material, justamente para evitar danos à saúde pública e ao meio ambiente. A reportagem tentou entrar em contato com os síndicos dos demais blocos, mas não obteve sucesso.
Emidio Campos
Gestor de Segurança
http://segurancadecondominio.blogspot.com
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