Ícones da arquitetura moderna que floresceu em São Paulo nos anos 40 e 50 a ponto de terem sido tombados por órgãos de preservação, eles são testemunhas concretas de ao menos meio século da metrópole, que nesta quarta (25) completa 458 anos.
Reconhecidos por sua relevância histórica, antigos prédios residenciais paulistanos agora estabeleceram um milionário nicho imobiliário em que a espera por um apartamento pode levar anos - o que elevou seus preços à estratosfera e atiçou a cobiça de colecionadores de imóveis, um personagem ainda recente no país.
Distribuição generosa de espaços nas unidades, boulevares internos e charmosos setores de uso comum compensam desvantagens como escassez de vagas de garagem e gastos frequentes com manutenção.
Mas é a grife dos projetos, da lavra de uma brilhante geração que atuou na época áurea da arquitetura nacional, que pôs essas edificações no Olimpo dos negócios imobiliários numa cidade que possui mais de quatro mil empresas autorizadas a intermediar compra e venda de imóveis.
É uma tarefa que exige, muito mais do que dinheiro, persistência: além de R$ 1,5 milhão, comprar um dos apartamentos de 170 m2 do Edifício Louveira (que ocupa com seu perfil elegante um ponto nobre de Higienópolis, bairro paulistano de alto padrão) pode consumir centenas de visitas em busca de informações de porteiros ou da vizinhança."É um movimento recente. Quem se interessa por um imóvel assim sabe que está adquirindo uma obra de arte", diz José Eduardo Cazarin, proprietário da Axpe, imobiliária que atende a esse tipo de demanda.
Projetado em 1946 por João Vilanova Artigas (que concebeu o estádio do Morumbi) e Carlos Cascaldi, o Louveira, inaugurado três anos depois, é provavelmente o primeiro expoente do acervo residencial vertical de São Paulo que hoje é um objeto do desejo.
Higienópolis abriga uma considerável coleção de imóveis do tipo. Contíguo ao centro de São Paulo, o bairro se beneficiou de uma mudança na lei de zoneamento, ainda nos anos 30, que permitiu a verticalização em áreas residenciais condicionada ao uso de recuos frontais e áreas livres - verdadeira avenida para a inovação arquitetônica.
Na região estão ainda construções como o Bretagne (1959), projetado por João Artacho Jurado e precursor do conceito de condomínio na cidade (foi um dos primeiros a ter piscina, por exemplo). A poucas quadras dali, na mesma avenida Higienópolis, fica o Lausanne, do arquiteto alemão Adolf Franz Heep - responsável pelo projeto do Edifício Itália, um dos mais importantes de São Paulo.
Em ambos, conseguir um apartamento exige uma estratégia que inclui estar sempre por perto - nesse mercado, as oportunidades ficam praticamente restristas ao boca a boca entre vizinhos - e preparado para fazer um lance. Com 178 unidades de metragens distintas, o Bretagne naturalmente tem mais oferta. Com sorte, é possível arrematar por cerca de R$ 900 mil um apartamento de 87 m2.
Também em endereço nobre, os edifícios Nações Unidas e Pauliceia, na Avenida Paulista, são outros cinquentões cobiçados da metrópole. O primeiro, com 430 apartamentos de um e dois dormitórios, está encravado na esquina com a Brigadeiro Luiz Antonio e tem como referência o fato de abrigar uma galeria com 25 lojas.
Metros à frente, ao lado do prédio da Fundação Casper Líbero, o conjunto formado por Pauliceia e São Carlos do Pinhal (são duas torres idênticas) inaugurou, em 1959, a era dos espigões numa avenida até então marcada por casarões coloniais. Os edifícios têm apartamentos de um, dois e três dormitórios, com tamanhos que vão de 70 m2 a 193 m2.
Sonho impossível
Um charmoso predinho de cinco andares abraçado por trepadeiras na Avenida República do Líbano, em frente ao Parque do Ibirapuera, tem menos importância arquitetônica (é de estilo neoclássico), mas não menos procura. Em vão: o Edifício São Carlos, de 1956, possui um único dono, que aluga suas dez unidades de 120 m2 - quem mora lá não quer sair de jeito nenhum.
No mercado imobiliário estima-se que uma unidade da construção, que não possui garagem, poderia valer até R$ 1,5 milhão. Se estivesse à venda.
Emidio Campos
Gestor de Segurança
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