A violência no condomínio Ignes Andreazza também tem alterado a rotina do comércio no entorno: as lojas têm fechado mais cedo; PM promete reforçar o policiamento
Situado no bairro da Estância, no Recife, o condomínio Ignes Andreazza (foto) conta com cerca de 12 mil moradores, distribuídos em 2.464 apartamentos. O que eles têm em comum? O medo ocasionado pela insegurança dentro e fora do condomínio. Os bandidos agem durante o dia, a tarde e a noite e a insegurança é tão grande que é difícil encontrar alguém que não tenha sido vítima da violência nesse conjunto de edifícios.
Os moradores do condomínio afirmam que querem se sentir mais seguros no próprio local onde moram. “O problema é de assalto e não tem ninguém que tome as providências. Tem que ter uma solução para esse caso, não pode ficar assim, a pessoa vive assombrada”, diz a aposentada Edite da Silva.
Uma vítima desses assaltos é o contador Esaldo Barreto. Ele foi assaltado no fim da manhã quando chegava a casa. “Empurraram o cano do revólver no meu ouvido e me levaram até o canto da garagem e tomaram a minha carteira, puxaram a chave da minha mão, entraram no carro e foram embora”, conta.
A garagem do supervisor operacional Carlos Cavalcante (foto 4) também está vazia. O carro dele também foi roubado, mas no período da tarde. “Ele [o bandido] chegou perto de mim, informou que era um assalto, puxou o revólver e disse para eu não reagir senão atirava em mim. Ele pediu carteira e relógio, levou todos os meus pertences, minha mala com meu notebook e até hoje o meu carro não apareceu”, diz.
O roubo de carro no condomínio acontece a qualquer hora. O músico José Carlos Gomes foi roubado ás 21h. “Quando eu saí para botar a corrente e ninguém pegar a minha vaga, eles [os bandidos] me abordaram. Desceram três de um carro, mandaram eu sair e foram embora”, afirma.
E quando não dá para levar o carro inteiro, os bandidos levam por partes. “Eu saí da frente do prédio e subi para o meu apartamento. Em menos de uma hora, quando retornei, os pneus do carro já não estavam mais dentro do conjunto”, conta o aposentado Rubilar Corrêa.
Segundo os moradores, o policiamento inexiste na área, o que aumenta a sensação de insegurança. “Já tivemos época em que tínhamos rondas policiais, mas elas sumiram, não vemos mais a polícia. Isso aqui [o condomínio] se tornou uma vitrine de assaltantes, que vêm e escolhem o que querem roubar. Se ele quer celular, se ele quer carro, ele vem e leva”, diz o técnico em informática Cristiano Barreto.
Os moradores contam ainda que a escuridão dentro do condomínio e a falta de controle de quem entra e sai facilitam a ação dos assaltantes. “Não existe abordagem, não existe controle. Qualquer pessoa entra e sai a qualquer hora do dia ou da noite. Os portões estão escancarados toda hora, a hora que chegar os portões estão abertos”, afirma a dona de casa
Maria do Carmo Cavalcanti.
Como no condomínio moram milhares de pessoas, um movimentado comércio acabou se formando nas ruas vizinhas. Mas essa violência tem modificado a rotina das lojas (foto 5). Elas, que costumavam encerrar o expediente às 21h ou 22h, agora têm fechado as portas cada dia mais cedo. A insegurança se tornou um pesadelo para quem trabalha nessa região. “Pelo menos que eu veja, de 9h até 19h, que é meu horário de trabalho, eu não vejo [policiamento]”, conta a vendedora Taciana Timóteo.
RESPOSTA DA POLÍCIA E DA ADMINISTRAÇÃO DO CONDOMÍNIO
O comandante do 12º Batalhão da Polícia Militar, o tenente-coronel Gilvandy Vicente (foto 6), e a síndica do condomínio Ignes Andreazza, Diana Garcea (foto 7), disseram as ações que serão colocadas em prática para reduzir a insegurança no local.
Apesar de todas as denúncias, apenas dois moradores do condomínio prestaram queixa na polícia, segundo dados da Delegacia de Afogados. “A gente dá prioridade aos locais de grande incidência, por isso precisamos que a comunidade, fora do condomínio ou dentro, faça os registros de ocorrências nas delegacias. Isso faz com que a gente desloque os nossos recursos para aqueles locais onde estão acontecendo os problemas. Com o reclamo da comunidade, faremos novas ações no reforço do policiamento”, afirma o tenente-coronel Gilvandy Vicente. Ele marcou o dia 10 de agosto no Calendário do NETV para a equipe do telejornal voltar ao local e conferir como está o policiamento.
Já a responsabilidade de segurança dentro do condomínio é dos próprios moradores. “Existe um projeto de fechamento dos portões, uma vez que eles são abertos desde 1973. Já estamos finalizando, pois a última guarita está sendo concluída. Em 90 dias, estaremos concluindo, já com as cancelas compradas. Isso é feito com uma parceria, pois, devido à inadimplência, não tenho condições financeiras de bancar. Também vou aumentar o número de vigias dentro do condomínio para que, realmente, nos dê mais segurança”, diz a síndica do Ignes Andreazza. Diana Garcea marcou a data de 28 de outubro para o NETV voltar ao condomínio e mostrar como está a situação.
SERVIÇO
Delegacia de Afogados
Rua João Carlos Guimarães, 126, Afogados
Emidio Campos
Gestor de Segurança
http://segurancadecondominio.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário