Incerteza no lugar da alegria pelo novo lar
Futuros moradores do condomínio Terra Nova
Bauru reclamam de
atraso nas obras, que já chega a 10 meses.
No total, quando
finalizado, o empreendimento da Rodobens
receberá 844 famílias
Bruna mostra panfleto que promete entrega de obra para fevereiro, quando ela já estava atrasada
Quem casa, quer casa. O ditado é velho, mas sempre levado à risca pela auxiliar administrativo Bruna Ferreira Carneiro Reis, 28 anos.
Após um namoro de mais de cinco anos e do noivado, o casamento foi planejado em cima de um único ponto: ter a casa própria.
A solução perfeita veio através de um projeto da Rodobens Negócios Imobiliários, no condomínio Terra Nova Bauru, perto do núcleo Octávio Rasi, mas um atraso nas obras está tornando o sonho de Bruna e do marido Yrwing Murça em um transtorno diário.
“A gente nunca quis pagar aluguel, agora estamos pagando”, conta ela. O casal comprou, na planta, em setembro de 2009, uma residência de dois quartos com o prazo de entrega do imóvel de um ano. O contrato previa também um atraso de 120 dias na obra.
“Em setembro de 2010, quando ela deveria ser entregue, nos informaram que o prazo era após o contrato com a Caixa Federal, feito em 28 de dezembro de 2010”, explica Bruna.
Passado o prazo e também os 120 dias, nada de casa nova. Com casamento já marcado para fevereiro de 2011, Bruna e Yrwing agora pagam aluguel enquanto esperam pelo imóvel.
“Foi tudo planejado, eu tenho um quarto cheio de presentes que não usamos até agora, porque o aluguel era algo provisório”, conta. “Aqui na minha casa [alugada] não tem nada, nenhum armário, porque a gente achava que ia sair logo”.
Os móveis planejados para a residência nova também já estão prontos, mas não há onde ficar. Segundo os moradores do condomínio – que fizeram uma reunião em forma de protesto no último domingo –, a Rodobens também havia informado que no último dia 4 as vistorias começariam a ser agendadas. O prazo não foi cumprido.
“Todos os moradores se programaram para fazer entrega de casas alugadas, por exemplo”, explica Bruna.
O professor Douglas Leite Chella, 27, é outro comprador da primeira etapa do condomínio – um dos maiores do estado – e também não está satisfeito.
“Você liga no 0800 e eles dão respostas vagas”, reclama. “Agora eles informam que o problema é com o habite-se”.
O habite-se está em trâmite, segundo a prefeitura, desde o dia 13 de junho para 134 casas.
A prefeitura também informou que há outras pendências que precisam ser solucionadas na totalidade antes da liberação do habite-se.
A defesa /A assessoria de imprensa da Rodobens confirmou a versão da prefeitura com relação ao habite-se.
Já com relação às reclamações de moradores, a empresa não confirmou os atrasos, mas garantiu que as obras da primeira etapa já estão prontas, esperando apenas a liberação da prefeitura.
A empresa também afirmou que estima que as adequações solicitadas pela prefeitura devem estar concluídas ainda este mês.
Em nota enviada ao BOM DIA e também via telefone para os moradores, a empresa prometeu que as vistorias serão iniciadas até o fim da semana.
“Estando os imóveis em perfeito estado, a empresa autorizará os compradores a iniciar a instalação de armários internos nos imóveis (sem lhes entregar as chaves definitivamente)”, informa a nota.
Dicas para quem compra na planta
Conheça bem a empresa com a qual você fará negócioA dica é de Renato Parreira, do Sinduscom. Ele aconselha o comprador a procurar todo o histórico da empresa e , se possível, conhecer até mesmo o proprietário da construtora. Em caso de empresas muito grandes uma pesquisa sobre a atuação deve ajudar na hora da compra.
Quem atrasa obra em uma cidade pode atrasar em outrasRenato aconselha também que o comprador verifique o histórico das obras da empresa em andamento, na cidade ou em outro município, para verificar se já foi registrado algum problema. Caso a empresa apresente atrasos, a dica é não comprar o imóvel para evitar surpresas desagradáveis.
Analisar bem o contrato evita surpresas ruinsA dica é de Renato e também da coordenadora do Procon, Fernanda Pegoraro. O contrato deve ser analisados nos mínimos detalhes para que o comprador possa exigir ressarcimento em caso de atraso. No contrato deve constar detalhes acordados verbalmente.
Em caso de problema, procure o Procon ou até a JustiçaSegundo Fernanda, o Procon pode ser procurado em caso de problema com a empresa, como atrasos em obras, mas servirá apenas para tentar fazer uma conciliação entre as partes envolvidas. Caso não haja acordo, o cliente lesado deve entrar com ação na Justiça.
Verifique se a empresa está negativada no ProconCaso não haja acordo e a empresa comprovadamente não tenha cumprido com suas obrigações, ela ficará negativada no Procon. A dica é procurar construtoras que não estejam na lista daquelas que não cumprem o direito do consumidor, de acordo com o órgão de defesa.
Para sindicato, aquecimento no mercado provoca atrasos
Segundo o diretor regional do Sinduscon (Sindicato da Construção), Renato Parreira, em São Paulo as reclamações de atrasos em obras estão cada vez mais comuns.
“Em Bauru também tenho ouvido reclamações”. De acordo com o diretor, uma outra grande empresa da cidade também está com obras atrasadas.
O problema, afirma Renato, seria por causa do aquecimento do mercado em todo Brasil o que gera, inclusive, falta de mão de obra para as empresas
“Ano passado, o mercado da construção civil cresceu 11% no país e esse ano a projeção é de 8%“ , conta Renato.
E ele continua: “Com esse aquecimento no setor existe um risco maior de ter atrasos. Já houve casos de empresas que precisaram importar mão de obra para finalizar projetos”.
Segundo Renato, de 2010 para 2011 o número de funcionários contratados formalmente na construção civil em Bauru cresceu 70%. Em janeiro de 2010, eram 10 mil funcionários; no mesmo mês em 2011 o número subiu para 17 mil.
Outras questões também podem influenciar no atraso de obras, como a incidência de chuvas e até problema com falta de material.
“Há um tempo faltou cimento”, exemplifica Renato.
O diretor regional também afirmou que geralmente as construtoras já preveem o atrasos em contrato, normalmente de seis meses – como é o caso dos 120 dias da Rodobens.
A construtora, finaliza ele, pode ser obrigada a arcar com custos dos clientes, quando não cumprir os prazos estabelecidos em contrato.
Emidio Campos
Gestor de Segurança
http://segurancadecondominio.blogspot.com
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