Na semana passada, a Secretaria de Segurança Pública confirmou o aumento no número de casos de arrastão a condomínios na capital paulista em 2012. Foram 13 crimes desta modalidade até a última sexta-feira (25), o mesmo total registrado ao longo de todo o ano de 2011. Embora preocupante, o número em si não revela um dado que, segundo especialistas, é ainda mais grave: a mudança no perfil do alvo dos criminosos. Se antes edifícios de alto padrão eram os preferencialmente atacados pelos bandidos, agora, a investida também se volta para prédios mais simples.
De acordo com o delegado Mauro Fachini, titular da 4ª Patrimônio (Delegacia de Investigações sobre Furtos e Roubos a Condomínios), ligada ao Deic (Departamento de Investigação sobre Crime Organizado), a mudança no perfil dos condomínios roubados revela que quadrilhas não organizadas também passaram a fazer arrastões.
— São pessoas que querem ganhar dinheiro fácil, rápido e sem trabalhar. Elas nunca acreditam que algo vai dar errado e que vão ser pegas.
O delegado conta que são criminosos mais fáceis de identificar e capturar, diferentemente dos integrantes de grupos especializados, cuja prisão exige uma investigação mais longa. Ele exemplifica a mudança citando a prisão de quatro suspeitos que teriam envolvimento nos arrastões em prédios nos bairros Aclimação e Vila Clemente, ambos na zona sul, na semana passada. Os casos ocorreram na terça-feira (22) e na quarta-feira (23), em um intervalo de aproximadamente 14 horas.
— Tanto não são organizados que nós pegamos no outro dia. São pessoas que se aventuram a fazer roubo a condomínio.
O especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello concorda com a avaliação do delegado. Segundo ele, por serem menos preparados, os criminosos optam por edifícios mais simples.
— Em prédios de classe média, o criminoso sabe que o nível de segurança é bem menor do que em edifícios com padrão de médio a alto. Então, este despreparado faz a análise de risco em relação a um condomínio de luxo e percebe que é complicado enfrentar. Ele opta pelo edifício onde não foi feito nenhum tipo de investimento em segurança. Verifica que não tem câmera, que a guarita fica totalmente aberta, que o porteiro fica dormindo. Ele fala: "Aqui, eu aguento, é minha praia".
"Banalização do arrastão"
Lordello faz uma analogia com a extorsão mediante sequestro para explicar o que chama de “banalização do arrastão a prédio”.
— Está acontecendo o mesmo fenômeno que ocorreu com a extorsão mediante sequestro. Ela começou com profissionais agindo em uma nova modalidade criminosa que não existia. Eles pediam R$ 2 milhões, R$ 3 milhões de resgate. Alguns destes sequestradores foram presos e essa divulgação começa a fazer com que pessoas menos preparadas apresentassem interesse. Chegou haver, na época, sequestrador pedindo R$ 3 mil.
Ele considera esse quadro um “fenômeno perigoso” e diz ser previsível a elevação das estatísticas.
— Quando você tem gente amadora vai ter uma gama maior. É natural que aumente o número de casos. Esses pequenos grupos acabam praticando delitos em maior quantidade. Por exemplo, há aquela pessoa que não tem potencial para roubar uma grande carga. Então, ela opta por um caminhãozinho com uma carga pequena. E rouba dez caminhõezinhos.
Combate especializado
Para Lordello, a investigação especializada é fundamental para coibir esse tipo de ação criminosa. Ele explica que o processo é cíclico.
— Quando a Secretaria de Segurança Pública percebeu que havia uma incidência de assaltos a prédios, o Deic criou uma delegacia especializada. Aconteceu a mesma coisa com a Divisão Antisequestro. Ela não existia. Passou a existir quando a secretaria percebeu que havia uma demanda. E o policial especializado neste tipo de ação consegue números maiores de esclarecimentos. É um fator cíclico. Você tem as gangues especializadas trabalhando e o número de casos aumenta. Criam-se delegacias especializadas, ou seja, aprende-se a combater esse tipo de crime. Este número de casos de quadrilhas especializadas começa a cair. Então, surgem os grupos amadores e os números voltam a subir.
— Quando a Secretaria de Segurança Pública percebeu que havia uma incidência de assaltos a prédios, o Deic criou uma delegacia especializada. Aconteceu a mesma coisa com a Divisão Antisequestro. Ela não existia. Passou a existir quando a secretaria percebeu que havia uma demanda. E o policial especializado neste tipo de ação consegue números maiores de esclarecimentos. É um fator cíclico. Você tem as gangues especializadas trabalhando e o número de casos aumenta. Criam-se delegacias especializadas, ou seja, aprende-se a combater esse tipo de crime. Este número de casos de quadrilhas especializadas começa a cair. Então, surgem os grupos amadores e os números voltam a subir.
Assista ao vídeo:
Emidio Campos
Instrutor de Segurança
http://segurancadecondominio.blogspot.com
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