Nos últimos meses, uma série de unidades recém-inauguradas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), estatal responsável pela construção de imóveis populares no Estado de São Paulo, apresentou problemas, como infiltrações, rachaduras, alagamentos dentro dos apartamentos, entre outras falhas que oferecem riscos aos moradores.
Em abril, a reportagem do UOL esteve um duas unidades na capital e constatou vários defeitos: em um conjunto no Jaraguá, zona norte, inaugurado em janeiro de 2011, os blocos estão com a tinta gasta, pintura descascando e vários remendos de massa corrida, o que lhes dá aparência mais velha.
Na outra unidade, localizada no Pari (centro), entregue em maio de 2010, os imóveis foram entregues sem pisos e azulejos. Em pouco tempo, infiltrações e vazamentos atingiram alguns apartamentos. Em dois imóveis, falhas nos encanamentos estavam provocando alagamentos desde que os moradores se mudaram para o local.
Problemas semelhantes ocorreram em unidades situadas em municípios como Itapetinga, Ribeirão Preto, Jaboticabal, Viradouro, Rancharia, Itapeva, Tatuí, Marília, Caraguatatuba, São Bernardo do Campo, Diadema e Taboão da Serra.
Em entrevista ao UOL, o presidente da CDHU, Antonio Carlos do Amaral Filho (veja no player acima), afirmou que os problemas são “pontuais” e não são expressivos, considerando o número elevado de unidades construídas pela companhia nos últimos 20 anos --500 mil, segundo ele. Amaral disse também que a estatal já foi até os locais resolver os problemas.
Ação de crianças
No conjunto do Jaraguá, uma mureta de proteção desmoronou no ano passado, meses depois da inauguração do prédio. De acordo com Amaral, a queda foi provocada por crianças. “Um muro, por melhor construído, mediante brincadeira de crianças que se penduram, fazem alavanca, quebra. E nós vamos consertar. Isso não é um defeito construtivo. É um problema de criança, de jovens”, disse.
O presidente da CDHU afirmou que técnicos da estatal foram até o local e constataram que não há mais risco de desabamento. O único risco no conjunto, diz ele, são as telhas soltas em um dos prédios, bem acima do local onde fica o playground. “O único risco que é grave é o das telhas que descolaram. Isso eu não admito. Foi um erro gravíssimo.”
Ladrões em Ribeirão Preto
O caso com maior repercussão ocorreu em Ribeirão Preto, em janeiro deste ano, onde imóveisinaugurados a menos de uma semana começaram a apresentar problemas como infiltrações, vazamento de água e esgoto. O então diretor da CDHU na região, Milton Vieira de Souza Leite,culpou os moradores pelos problemas, alegando que eles são “moradores da favela” e não estão “acostumados a viver em casa”.
Amaral afirma que o problema foi causado por ladrões que entraram nos imóveis e roubaram os encanamentos revestidos por cobre. “[Antes de inaugurar as casas] colocamos uma pré-ocupação de 400 famílias, de início. Lá vi alguns jovens, em pequenos grupos, consumindo drogas. É um problema social. E esses jovens que estão se drogando eventualmente roubam”, conta.
“Nós preparamos as unidades, alguém entrou nos alçapões, que é fácil de entrar, e roubou os tubos de cobre, de um lugar completamente escondido. Quando abri a água, como não havia encanamento, foi tudo para o teto”, disse o presidente da estatal. Segundo ele, o problema ocorreu em 35 casas de um total de mais de 500.
Orçamento e déficit habitacional
De acordo com dados da própria CDHU, o déficit habitacional no Estado de São Paulo é de aproximadamente 1,2 milhão de famílias. Nos últimos 15 anos, o governo entregou, em média, 15 mil casas por ano. Se o ritmo for mantido, o déficit só seria zerado daqui a 60 anos, isso se, nessas seis décadas, não aparecer mais nenhuma família nova necessitando de casa.
“Nos últimos dois anos atendemos basicamente populações em áreas de risco. Não há como resolver em dois, três, cinco ou dez anos um problema construído em décadas”, afirma o presidente da estatal.
Os gastos com habitação no Estado em 2011 foram de R$ 1,6 bilhão. Só com Segurança Pública o governo gastou quase oito vezes mais (R$ 12,2 bilhões). Com relação aos investimentos, ou seja, gastos com bens duráveis, foram R$ 114 milhões em habitação e R$ 334 milhões na construção e estruturação de penitenciárias. Amaral se diz satisfeito com o orçamento em habitação.“Não me cabe julgar se é muito ou pouco.
DivulgaçãoEmidio Campos
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