Dengue em condominios, Bairros do Butantã e Rio Pequeno, em SP, têm surto de dengue

A região do Butantã e do Rio Pequeno, zona oeste de São Paulo, sofre com um surto de dengue. O Centro de Saúde-Escola, uma das principais unidades de saúde do bairro, conta pelo menos 40 infectados neste ano. O número é maior que os 26 computados pela prefeitura, que atribui a diferença a um tempo natural para atualizar seu balanço. Nos casos de dengue, é comum a subnotificação.
Em visita ao morro do Querosene (Butantã) na última quinta-feira, aFolha constatou que a região vive clima de epidemia. Encontrou em apenas três ruas dez moradores com exames confirmando a doença. Uma delas, a jornalista Satie Oliveira, 48, teve dengue hemorrágica e foi internada.
A rua onde ela mora, a Afonso Vaz, é a mais afetada. Um condomínio de 16 casas no City-Butantã também foi vítima do Aedes aegypti, com três infectados. "Há obras nessa região com água parada", diz o síndico Nuno Fonseca, que reclama da falta de um canal de comunicação eficiente com a prefeitura para relatar focos do mosquito.
Ali perto, na rua Doutor Cícero de Alencar, o psicólogo João Meirelles, seu filho, sua vizinha e o motorista dela já tiveram a doença confirmada.
Preocupação
No Centro de Saúde-Escola do Butantã --que é administrado pela USP--, o crescimento no número de pacientes com sintomas causa preocupação. São 109 notificações de casos de dengue, número muito superior às 29 registradas em todo o ano passado, segundo a enfermeira da vigilância epidemiológica Gisele Lanferini.
Ela conta ainda que as visitas a campo para buscar focos do mosquito e orientar moradores ocorrem quase diariamente.
Para a associação dos moradores do Morro do Querosene, contudo, os esforços não têm sido suficientes. "Às vezes ocorrem visitas, nebulização, mas o problema continua. Existe um descaso da prefeitura e dos moradores", diz uma das diretoras, Alice de Oliveira.
A Folha encontrou também pessoas que residem próximo a infectados e tiveram sintomas da doença, mas não procuraram um serviço de saúde alegando que bastava tomar o remédio. A atitude é um dos motivos para a subnotificação, histórica em relação à dengue.
Pela estimativa da Vigilância Epidemiológica estadual, para cada pessoa com resultado positivo da dengue, outras dez não procuram atendimento.
Segundo o epidemiologista da UFRJ (Universidade Federal do Rio), Roberto Medronho, no grupo de pacientes que não registram a doença estão inclusos os casos de pessoas que contraíram a dengue, mas não tiveram sintomas, os casos em que doença foi leve e os de pessoas que, mesmo tendo consciência da doença, não procuraram atendimento médico.
Entrave
A subnotificação é considerada pelos especialistas um entrave ao controle da doença.
Segundo a Secretaria da Saúde municipal, São Paulo tem incidência baixa da doença. A região do Butantã recebe as ações de controle da dengue, que ocorrem inclusive aos sábados para trabalhos de campo. O atual balanço da prefeitura, que não registra todos os casos do Butantã, é de 7 de abril. Nova atualização ocorrerá no dia 19. A Vila Sônia (oeste) é a área mais afetada --48 casos.


Emidio Campos Gestor de Segurança http://segurancadecondominio.blogspot.com