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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Condominio coleta seletiva beneficiam no Rio de Janeiro


Sistemas de coleta seletiva beneficiam condomínios no Rio

RIO DE JANEIRO - Enquanto o governador do Rio e prefeitos de várias cidades fluminenses discutem a construção de mais aterros sanitários para tratar o lixo do estado, alguns condomínios comerciais e residenciais saem na frente e partem para ações autônomas de separação do lixo produzido para reciclagem. A medida tem provado ser altamente benéfica, não apenas para o meio ambiente, com a reutilização de embalagens que antes seriam jogadas nos lixões comuns, quanto para os próprios moradores, locatários e empregados encarregados do serviço de limpeza, que adquirem cestas básicas ou brindes em troca do material recolhido e vendido.

Quando a síndica do edifício Alfa Plaza, no condomínio Alfa Barra, na Barra da Tijuca, Bernadette Pereira, decidiu implantar um sistema de coleta seletiva de lixo no edifício, que conta com 220 apartamentos, ela pensou que fosse encontrar uma resistência muito grande por parte dos moradores. Mas, para sua surpresa, os moradores aceitaram a idéia sem problemas. Bernadette havia assistido a uma palestra com técnicos da ONG Reviverde , que trabalha com a implantação de coleta seletiva de resíduos recicláveis, e decidiu pedir auxílio a ONG para modificar o tratamento de lixo no prédio.

"O sistema já está implantado há aproximadamente um ano e meio. A decisão surgiu porque o nosso lixo era muito desorganizado e também havia muito desperdício, o que nos fez pensar na questão ambiental", diz a síndica.

Após uma visita inicial feita pelos técnicos da Reviverde ao condomínio, foi verificada a necessidade de algumas pequenas alterações na estrutura do edifício, de forma a adaptá-lo para o novo processo de separação de lixo. Entre as mudanças estavam a inversão das portas do tubo coletor de lixo nos 22 andares do edifício, que antes abriam para dentro e acabavam impedindo a instalação de cestas para separar o lixo. Também foram comprados cestos para a separação de embalagens de materiais diferentes, e afixados nos corredores cartazes com informações sobre os produtos que devem ser separados.

O próximo passo, depois das mudanças feitas, foi convocar os moradores do edifício e as empregadas domésticas dos apartamentos para participarem de palestras, a fim de divulgar o novo sistema de coleta de lixo e ensiná-los o que deve ou não ser jogado fora na lixeira comum.

Embaixo do prédio, no compartimento onde fica o lixo, os funcionários da limpeza receberam orientações sobre como proceder na separação dos materiais recicláveis. Para isso, foram instalados grandes cestos de 200 litros, os quais são forrados com plásticos transparentes, para separar materiais diferentes, como vidros, plásticos de diferentes espessuras, latas de alumínio e latas de ferro. As caixas de papelão são quebradas e amarradas juntamente com jornais.

Todo material, depois de corretamente separado, é recolhido por uma cooperativa, que vai ao condomínio semanalmente buscar os produtos e paga pelo peso do material reciclável recebido. O lucro, no caso do edifício Alfa Plaza, é, ao final de cada mês, revertido para os funcionários.

"Antes, cada funcionário separava mais ou menos o que lhes interessava do lixo e eles mesmos vendiam. Agora, tudo está sistematizado, e os recursos obtidos são divididos igualmente entre eles. Desta forma, eles estão motivados a ajudar na separação do lixo", revela Bernadette Pereira.

Mas não são apenas os condomínios residenciais que vêm trabalhando na coleta seletiva de recicláveis. A Engepred, empresa que faz gestão predial, também decidiu implantar um sistema de coleta de recicláveis num prédio da Associação Brasileira de Letras, no centro da cidade.

O trabalho começou a ser feito em julho de 2008 e, segundo a coordenadora administrativa e financeira da Engepred, Carla Tebet, vem apresentando resultados muito positivos. "Todos os locatários aderiram ao novo processo e nós reduzimos muito o nosso lixo comum", disse. Carla acrescenta ainda que parte dos recursos obtidos com a venda dos materiais recicláveis são usados para a compra de prêmios e brindes, que são sorteados bimestralmente entre os funcionários da limpeza.

Como implantar o sistema:

De acordo com a presidente da ONG Reviverde, Regina Laginestra, o custo de implantação de um sistema de coleta seletiva em condomínios é muito pequeno, se comparado aos benefícios que ele traz ao meio ambiente e aos próprios moradores e locatários. Ela explica que as cestas que devem ser compradas para a separação de lixos custam em média R$ 60, e que as sacolas transparentes (usadas para os materiais recicláveis) são apenas alguns centavos mais caras do que as sacolas pretas comuns.

Para auxiliar os condomínios a se prepararem para a seleção de lixo, a Reviverde cobra uma taxa simbólica de R$ 4 por apartamento mensalmente, que é usado justamente para cobrir os gastos da ONG com o deslocamento de pessoal para treinamento dos funcionários dos edifícios e com a impressão de cartazes e adesivos a serem afixados, para ensinar o público a lidar com o lixo.

Nos casos de condomínios pequenos, com poucas unidades, Regina explica que a Reviverde pode ajudar sem cobrar nada. Desde que foi criada, em 2000, a Reviverde já implantou sistemas de coleta seletiva em mais de 50 condomínios no Rio de Janeiro. "Esses condomínios nos quais trabalhamos produzem atualmente mais de 100 toneladas de material reciclável mensalmente", diz, orgulhosa, a presidente da organização.

Fonte Globo.com

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