
Militares invadem rádio e TV que apoiam Zelaya em Honduras
Ação acontece depois que o governo golpista divulgou decreto que prevê o fechamento de meios de comunicação
Governo golpista mandou fechar emissoras que apoiam Manuel Zelaya (foto); ele está abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa
Comandos militares invadiram nesta segunda (28) as sedes de uma rádio e de uma rede de TV em Tegucigalpa que fazem oposição ao governo golpista de Honduras, liderado por Roberto Micheletti, para interromper as transmissões das emissoras. A invasão aconteceu depois da publicação de um decreto que restringe a liberdade de expressão, de circulação e de reunião no país. A informação foi publicada no site do canal de TV venezuelano Telesur.
A Telesur cita informações de um funcionário da rádio Globo que denunciou que os militares chegaram de madrugada e ocuparam a sede da empresa. A emissora venezuelana afirmou que o diretor da rádio, David Romero, e outros trabalhadores estavam no local. A rádio Globo e o Canal 36, também fechado, são os únicos meios de comunicação que se opõem ao golpe que derrubou o presidente Manuel Zelaya no último dia 28 de junho.
O governo golpista de Honduras, liderado por Roberto Micheletti, ameaçou no domingo (27) retirar o status diplomático da embaixada brasileira em Honduras, caso o Brasil não defina, em 10 dias, a situação do presidente deposto, Manuel Zelaya, que está abrigado na sede diplomática em Tegucigalpa. No fim da noite, o governo divulgou um decreto que prevê o fechamento de meios de comunicação e a prisão de indivíduos que incitem à rebelião, além de proibir reuniões públicas não autorizadas.
Em cadeia nacional de TV, o governo de fato informou que decidiu "interditar qualquer reunião pública não autorizada e impedir a transmissão, por qualquer veículo, de programas que ameacem a paz". A ameaça ao Brasil também foi direta:
- Se em 10 dias não definirem o status de Manuel Zelaya, a sede perderá sua condição de diplomática, mas, por cortesia, não planejamos invadir o local - disse o ministro das Relações Exteriores do governo de fato, Carlos López Conteras.
O chanceler destacou que foi o Brasil que rompeu relações com o atual governo hondurenho:
- Nós, simplesmente, estamos adotando uma medida de reciprocidade - disse ele.
Golpista acusa Brasil de intervenção
López disse que se o Brasil não definir o status de Zelaya, Honduras poderá declarar, "por presunção", sua condição de exilado político, após o qual o presidente deposto poderá ficar no prédio da embaixada.
Na condição oficial de exilado, Zelaya ficaria impedido de exercer qualquer atividade política na embaixada brasileira. O chanceler do regime de fato disse que a proteção dada pelo Brasil a Zelaya é "uma intervenção" nos assuntos internos de Honduras.
Zelaya, deposto e expulso de Honduras por um golpe de Estado, em junho, está na embaixada brasileira desde a segunda passada, após voltar secretamente ao país.O governo de Roberto Micheletti acusa Zelaya de usar a embaixada brasileira para "gerar violência" no país.
O governo Micheletti, que não é reconhecido pela comunidade internacional, já havia emitido na noite de sábado (26) um comunicado exigindo do Brasil a definição do status de Zelaya, no prazo de dez dias, após o qual adotaria medidas adicionais baseadas "na legislação internacional". O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou qualquer "ultimato dos golpistas" sobre a presença de Zelaya na embaixada brasileira.
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