
O crescente consumo de drogas em condomínios e a falta de dados sobre o uso nestes locais, revela o profundo silêncio que encobre o problema, mas não a angústia das famílias envolvidas. O assunto ocupa espaços cada vez maiores nas reuniões de condomínio e é abordada, prioritariamente, do ponto de vista da segurança, justamente o argumento que leva tantas pessoas a optarem por uma vida em comunidade.
O medo de alguns condôminos partem do princípio da contaminação de seus filhos com a ja existência em sua comunidade de jovens viciados, medo este que refletem no convivio social dos moradores, deixando de frequentar locais comunitários do condominio.

Pequenos tráficos ja existentes, pois não somente ocorrem o consumo, podem de certa forma trazer riscos ao condominio, dívidas contraidas por jovens usuários, trazem a tona a fragilidade da segurança no controle de acesso, pois a autorização de entrada parte de um condômino viciado, ao qual incorpora ao ambiente indivíduos com vida social criminosa.
A marginalidade, que cerca o tráfico e o consumo das drogas encobre, contudo, uma problemática mais profunda: a saúde das vítimas, das famílias e da comunidade.

Mesmo sabendo do uso de drogas por membros da sua comunidade, os condomínios só passam realmente a se preocupar quando a segurança fica ameaçada. A solução proposta, nesses casos, é a da repressão. A abordagem 'policial', contudo, não atende ao problema da saúde e não alivia a angústia legítima sentida pelas famílias envolvidas. "Algumas vezes os vizinhos do condomínio sabem que alguém da comunidade está abusando das drogas, mas só vêem isso como problema quando há evidência de furtos ou violência", lamentamos muito esta visão.

Os psicólogos defendem que os adolescentes precisam de tratamento psicoterápico, não de repressão. "O tráfico deve sim ser reprimido e o traficante é um caso de segurança pública, mas o usuário, membro dessa comunidade, em nada se beneficia ao ser tratado como marginal. Trata-se de uma questão de saúde e de educação", enfatizam.

Embora não exista uma solução pronta, os psicólogos sugerem como caminho possível começar um trabalho de formação sobre o uso abusivo de drogas com os pais moradores do condomínio. "Este trabalho tem o objetivo de instrumentalizar as famílias para uma compreensão mais ampla da problemática das drogas. Depois, pode ser feita uma ampla discussão, buscando definir que tipo de política preventiva o condomínio quer assumir", lembrando que não adianta iniciar um trabalho preventivo se os próprios pais não estiverem engajados.
Emidio Campos
Consultor de Segurança
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